quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Rui Barata: "Tudo que eu amei estava aqui"


Por Samêla Ramos

“O tempo tem tempo de tempo ser,
o tempo tem tempo de tempo dar,
ao tempo da noite que vai, correr,
o tempo do dia que vai chegar”




Em junho de 1920 nasceu na cidade de Santarém, o filho único de Maria José Paranatinga Barata(Dona Noca) e do advogado Alarico de Barros Barata, Ruy Guilherme Paranatinga Barata, o grande poeta Ruy Barata. O nome de Rui, foi dado pelo pai, devido sua grande admiração por Rui Barbosa. Paranatinga, nome indígena vem do lado materno, paraná que significa rio e tinga, branco. Foi alfabetizado pelo próprio pai, e aos dez anos de idade fora a Belém continuar seus estudos. O início de sua produção literária se dá na revista Terra Imatura, onde em meio aos estudos jurídicos da Faculdade de Direito do Pará (1938), sente sua paixão pela poesia crescer.
Ruy Barata casou-se em 1941, com Norma Soares Barata, com quem teve sete filhos: Maria Diva, Rui Antônio, Paulo André (parceiro constante em várias canções, entre elas, as mais famosas, Foi assim e Pauapixuna), Maria Helena, Maria de Nazaré, Maria Inez e Cristóvão Jaques. Forma-se em direito (1941), em plena ditadura. Como orador da turma, discursa com eloqüência, no campo da justiça social, com teses avançadas. Prefere então, trocar a advocacia pela redação do jornal Folha do Norte, de Paulo Maranhão.
O poeta passou a freqüentar a “roda de papo” do Central Café, no centro de Belém, da qual fazia parte uma geração de brilhantes intelectuais paraenses: Benedito Nunes, Paulo Plínio de Abreu, Mário Faustino, Waldemar Henrique, Machado Coelho, Nunes Pereira, Cauby Cruz, Napoleão Figueiredo e Raimundo Moura. Pela José Olympio Editora, em 1943, publica seu primeiro livro de poemas Anjo dos Abismos, com o apoio de Dalcídio Jurandir.
O Pará, vivia um período crítico, na luta contra o autoritarismo de Magalhães Barata, e Ruy em 1946, é eleito deputado para a Assembléia Constituinte do Pará, aos 26 anos de idade. No golpe militar de 64, suas lutas lhe custam à demissão de seu cartório e a aposentadoria do cargo de professor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Pará.
Em 1967, Ruy Barata inicia uma parceria formidável com seu filho Paulo André (jovem músico e instrumentista), que lhes rendaram belíssimas composições, como Foi assim e Pauapixuna, dada sua estreita ligação com a música nos tempos de mocidade.
Então em 1979, Ruy Barata é reintegrado ao quadro de professores da UFPA, e volta a lecionar Literatura Brasileira. Como um dos professores mais admiráveis da Universidade Federal do Pará, sua sabedoria e poesia encantavam alunos, amigos, e leitores, até hoje apaixonados pela sua produção literária. Paranatinga, um dos livros do poeta teve sua primeira edição em 1984, e pouco depois de sua morte, foi lançada a segunda.
No Parque da Residência, que hoje é a Secretaria de Cultura do Estado, encontramos nos jardins, uma bela estátua de Ruy Barata, uma homenagem não mais que merecida.
Paranatinga, um dos livros do poeta teve sua primeira edição em 1984, e pouco depois de sua morte, foi lançada a segunda. Seu livro Antilogia, uma coletânea de poemas organizada e revista pelo próprio autor, entre janeiro e fevereiro de 1990, antes de sua morte, foi lançada em 2000.
Ruy Barata nos deixou em 23 de abril de 1990, durante uma cirurgia, na cidade de São Paulo, onde tinha ido pesquisar dados sobre a passagem de Mário de Andrade pela Amazônia. A todos os paraenses, o poeta deixou um imenso legado, de dedicação e luta, tanto pela arte que fazia, quanto pelos valores culturais de sua terra. Sua obra continua inspirando muitas gerações, nas manifestações do homem amazônida.

Pauapixuna
Uma cantiga de amor se mexendo,
uma canoa no porto a cantar,
um pedacinho de lua nascendo
uma cachaça de papo “pru” ar.

Um não sei que de saudade doendo
uma saudade sem tempo ou lugar,
uma saudade querendo,
querendo ir e querendo ficar.

Uma leira, uma esteira,
uma beira de rio,
um cavalo no pasto,
uma égua no cio,
um princípio de noite,
um caminho vazio,
uma leira, uma esteira,
uma beira de rio.

E no silêncio uma folha caída,
uma batida do remo a passar.
um candeeiro de mangue.

3 comentários:

iusa gama disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
iusa gama disse...

onde devo pesquisar sobre a vida de Ruy barata?

iusa gama disse...

eu gostaria de ter mas acesso sobre a vida de Ruy barata, pois tenho um trabalho pra apresentar sobre a vida dele, e ñ seu quase nada será que vcs podem me ajudar meu trabalho sera apresentado, no dia 24/09/08, como faço pra adquirir material sobre ele, por favor me ajude! iusagama@yahoo.com.br /// aguardo resposta!