quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Gordura Trans: "a mais nociva de todas as gorduras"


Jabert Diniz Júnior


Você já ouviu falar em gordura trans?
A gordura trans é um tipo de gordura vegetal formada por um processo químico chamado hidrogenação parcial que torna sólido, à temperatura ambiente, óleos de origem vegetal. O resultado imediato desse processo não teria uma boa aceitação, caso as pessoas pudessem ver o seu produto. Os óleos se transformam em uma pasta preta com mau cheiro que precisa ser alvejada para ficar sem cor e desodorizada para ficar sem cheiro.
Após essa “limpeza”, no entanto, a gordura trans é utilizada pela indústria alimentícia para deixar os alimentos mais saborosos e dar melhor resistência, ou seja, aumenta o prazo de validade, proporcionando mais vida útil aos mesmos. A trans solidifica nos alimentos, formando uma casquinha crocante e atraente.
Vendo por esse ângulo, a gordura trans parece ser uma coisa boa. Afinal ela foi criada para ser uma alternativa à gordura saturada encontrada no bacon, nas carnes vermelhas, etc, e virou febre na década de 80.
Acontece que, durante esse processo de hidrogenação, as moléculas de gordura passam por um rearranjo estrutural que faz com que no interior do organismo elas facilitem o depósito do chamado colesterol "ruim", o LDL, nas paredes das artérias coronarianas e de estar associada à redução de uma proteína essencial à produção do colesterol "bom", o HDL.
A gordura trans tornou-se, então, um dos maiores vilões da alimentação moderna, uma vez que nos vasos sangüíneos essa gordura se deposita com muito mais eficiência do que as gorduras saturadas de origem animal, impedindo-os de se dilatarem quando ocorre aumento do fluxo sangüíneo, já que perdem uma de suas características fundamental, a elasticidade.
Por essa razão, segundo relatos médicos, está se tornando comum esportistas jovens sofrerem parada cardíaca durante a prática de qualquer esporte. Durante a atividade física, o fluxo sangüíneo aumenta, mas o vaso não dilata para regular a passagem do sangue, ocasionando o infarto. A trans aumenta também a dose de triglicérides, uma outra fração de gordura que circula no sangue e está associada ao desenvolvimento da diabete.
Devido a isso tudo, no mundo inteiro está havendo um movimento com o intuito de eliminar da alimentação essa famigerada substância, que se tornou um dos mais poderosos inimigos da saúde.
A Austrália é um dos pioneiros no combate à trans e tem feito campanha e leis severas para desestimular o seu consumo. Em Nova York, o prefeito Michael Bloomberg determinou que nenhum restaurante da cidade pode conter nem vestígios de gordura trans nos seus cardápios. A Dinamarca não só proibiu o uso como julgou a trans uma substância ilegal no país. Os produtos que ainda a contêm são identificados com uma constrangedora tarja negra no rótulo, deixando clara a mensagem: quem quer comer que assuma o risco. A Inglaterra, também, está fazendo sua parte pressionando as indústrias de alimentos a reduzir drasticamente as porções de gordura trans em seus produtos. O Canadá anunciou que está discutindo leis rigorosas no combate à gordura trans. Contudo, algumas empresas, no mundo, em função desse barulho, estão retirando voluntariamente a gordura trans de seus produtos.
No Brasil, a única legislação sobre o assunto é uma norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que determina que os rótulos dos alimentos apresentem informações sobre valor energético e quantidade de seus nutrientes, inclusive de gordura trans. Isto, no entanto, não parece ser suficiente. É necessário esclarecer a população sobre os seus malefícios, recomendando que se identifique quais alimentos são ricos ou não em gordura trans, até porque, além de ela não ser necessária no nosso organismo, é extremamente nociva à saúde.
Ler nos rótulos o teor de gordura trans de cada produto é o primeiro passo
É fundamentalmente importante ler os rótulos dos produtos, prestando muita atenção nas informações contidas. A recomendação geral é que não se deve consumir mais de 2 gramas de gordura trans por dia. O consumidor deve estar atento, pois alguns produtos trazem em letras bem grandes, 0% gordura trans, porém, nos rótulos verifica que há na composição uma certa quantidade de gordura vegetal hidrogenada, o que é a mesma coisa.
Alguns dos alimentos que mais contêm gordura trans são: Biscoitos recheados industrializados, wafer; salgadinhos de pacote, tortas e bolos prontos e semi-prontos, sorvetes industrializados, batata frita, pipoca de microondas, margarinas, molhos de salada, maioneses, hambúrgueres, chocolates, especialmente os diet, temperos completos, etc


Fonte: Revista Veja Edição 1965, 19 de julho de 2006

Revista Isto é, Edição 1953


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Jabert Diniz Júnior

Acadêmico do Curso de
Educação Física da UEPA
Campus de Santarém

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