quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

ENTREVISTA

FÍSICA AMBIENTAL: O TRAJETO DE UM CURSO PIONEIRO

Por Gilmara Ribeiro

“(...) quem entrar no curso de Física Ambiental, vai sair do curso e terá, certamente, um emprego garantido, em qualquer lugar do Brasil”.


O Jornal Olho de Boto (JOB) entrevistou o Professor Dr. Carlos José Freire Machado, da Faculdade de Física Ambiental, para saber sobre a experiência de coordenar um curso pioneiro, cuja conclusão se deu em 17 de setembro de 2009, com a colação de grau da primeira turma.

Carlos J. Machado é professor e o primeiro diretor da Faculdade de Física Ambiental, do Campus Universitário de Santarém. Na entrevista a seguir, falará da importância do Curso de Física Ambiental no cenário nacional, visto que foi o primeiro dessa natureza a ser criado no Brasil e, obviamente, o primeiro a ser concluído.

J.O.B: No dia 17/09 recebeu a outorga de grau, em Santarém-Pa, a primeira turma de Física Ambiental do Brasil, como foi pronunciado na cerimônia. Como o senhor vê essa grande responsabilidade de coordenar o primeiro curso de Física Ambiental do país?

Carlos J. Machado: Nós certamente nos sentimos muito felizes e orgulhos de participarmos dessa empreitada original em termos de Brasil, e, principalmente, por estarmos aqui no meio da Bacia Amazônica, no meio da Floresta Amazônica. Então, exatamente por isso, essa conotação ambiental para esse curso que é o curso de Física.

J.O.B: De acordo com o site do Campus de Santarém, o perfil desejado de um egresso do Curso de Licenciatura em Física Ambiental, é que seja “um profissional com sólidos conhecimentos científicos embasados na física, porém, articulados com áreas correlatas, necessárias para um abrangente entendimento dos processos sistêmicos naturais do meio ambiente, em particular do meio ambiente característico da Região Amazônica”. Na sua opinião, a primeira turma, formada no dia 17 de setembro, conseguiu alcançar essa expectativa? Qual é a sua visão a respeito dessa situação?

Carlos J. Machado: Olha, nós com muito orgulho, também, formulamos o Projeto Pedagógico do Curso, desde a primeira até a última linha, e sempre a discussão em relação ao Projeto foi muito intensa com os professores, sobre o que seria melhor, qual é a sequência de conhecimentos que um profissional de Física com essa ênfase ambiental deveria ter. Então, eu acredito piamente, é claro que só a história, o futuro vai poder constatar isso, mas eu acredito que esses objetivos foram plenamente alcançados.

J.O.B: No papel de coordenador de uma turma precursora, quais as principais dificuldades que o senhor pode dizer que enfrentou durante essa iniciativa?

Carlos J. Machado: Bem, todas as dificuldades na realidade aconteceram com relação ao curso, por ser uma turma precursora. Então, foi o Projeto Pedagógico, foi o início do curso, a formação, inclusive, da parte administrativa. Quando o curso começou, eu era tudo: o secretário, o coordenador, porque não existiam funcionários técnico-administrativos para o curso. Então nós tivemos todo trabalho de fazer os concursos para a entrada de professores, e nesse aspecto foi uma dificuldade muito grande, que estamos sentindo até hoje devido à falta de estabilidade dos professores no curso. Por incrível que pareça, o curso que foi aprovado por um projeto de expansão do MEC e engendrado com uma perspectiva de oito professores, que na época foram contratados, hoje em dia, até o fim do ano, nós vamos ter dez professores que já emigraram do curso. Então, essa é uma dificuldade que nós sentimos no curso de não termos ainda estabelecido nenhuma área de pesquisa forte, com exceção da área de Física da Atmosfera, por causa do Projeto LBA que tem certo vínculo com o curso, devido ter professores que são do Curso e estão também no LBA. Assim, com exceção desse aspecto, todos os outros não tiveram continuidade por causa dessa grande movimentação de transferência de professores, dessa falta de estabilidade. Então, isso é um dos maiores problemas que nós sofremos e temos sofrido ainda com isso.

J.O.B: Na sua opinião, a que se deve essa instabilidade na permanência de professores do Curso em Santarém?

Carlos J. Machado: É um fato, por incrível que pareça: os professores que vêm de Belém, você poderia até dizer que ficariam em Santarém, mas não. É um problema de conjuntura social e é preocupante, porque, às vezes, eu me preocupo com isso, até em relação ao futuro da nova universidade. Será que esses profissionais vão vir com a garra e a coragem de ficar na região e fazer pela região? É uma dúvida que eu tenho.

J.O.B: Tendo em vista que a turma chegou ao final do curso com 23 formados, qual a sensação que fica para o senhor como um dos principais responsáveis por esse resultado, visto por nós como positivo?

Carlos J. Machado: É um orgulho imensurável, além do mais, eu até gostaria de notar aqui, que é bastante comum você ver em curso de Física pelo Brasil afora, o número de formandos bem inferior a esse. A realidade da UFPA, por exemplo, em Belém não é diferente, formam-se dez quando muito, em outras universidades, no Sul do país, às vezes cinco, então nós tivemos esse grande galardão de ter vinte e três formandos para uma área que é essencial para a nossa região. Nós vemos hoje na educação básica, particularmente, no Ensino Médio, uma carência enorme de profissionais de Física. A maioria dos professores que atua em Física, na educação básica na região Oeste do Pará, ou diria mesmo, no Pará todo, não é habilitada para dar aula de Física, para ministrar a disciplina Física.

J.O.B: De acordo com a sua avaliação, qual a diferença, por exemplo, no Programa, na matriz curricular, entre o curso de Física e o curso de Física Ambiental, especificamente?

Carlos J. Machado: Os cursos de Física estão muito catedráticos, no sentido de que a estrutura pedagógica desses cursos é muito parecida em todos os lugares do Brasil, e segue um modelo muito antigo, a Física Clássica, a Física Moderna, essa parte que o físico precisa muito, que é a parte de cálculo, de matemática, que deve fazer parte do curso, mas nós tentamos dar um direcionamento para esse Curso de Física e modificamos essa maneira tradicional de formar um físico, para que esteja com os pés no chão, e veja a Física de acordo com a física que existe na sua região. Então, eu vejo que esse é o futuro.

“Apesar de ser um curso de licenciatura, você pode fazer pesquisa em outras áreas”

J.O.B: Uma vez lançados no Mercado de Trabalho, em que setores esses novos graduados podem trabalhar?

Carlos J. Machado: Eles, certamente, têm todo um campo de trabalho que é o Ensino Básico, com a disciplina Física no Ensino Médio, no entanto, existem outras áreas. Podem, por exemplo, continuar a carreira acadêmica, como muitos, inclusive, estão atrás de fazer uma educação continuada, indo para o Mestrado, futuramente, até o doutoramento e, eventualmente, até ser admitido em uma Instituição de Ensino Superior como docente. Em nosso país, em nossa região em particular, não há uma tradição do Físico em empresa, mas eu acredito também que essa realidade vá se modificar a médio prazo.

J.O.B: Que incentivo o senhor dá para quem está querendo tentar o vestibular para o curso de Física Ambiental?

Carlos J. Machado: Bem, eu posso, com certeza absoluta, afirmar que quem entrar no curso de Física Ambiental, vai sair do curso e terá, certamente, um emprego garantido, em qualquer lugar do Brasil, porque em qualquer lugar do Brasil, em qualquer região, seja Norte, Sul, Sudeste, Centro-oeste, nós temos carência de professores de Física. Então, é uma opção que você vai ter um futuro garantido dentro da profissão, além de você poder trabalhar na área de ciência, ser um cientista. Apesar de ser um curso de licenciatura, você pode fazer pesquisa em outras áreas que não sejam da educação também, também na área de educação, certamente, que é uma área extremamente importante, e o nosso país está, inclusive, dando uma importância muito grande com a nova cátedra agora, a essa área. Vários projetos, inclusive, fomentados pelo governo do Estado também estão acontecendo. O projeto Fortalecer é um exemplo de apoio à Educação Básica. Eu acredito que o futuro do país se realize através da educação, mas também existe a área da pesquisa, a pesquisa em Física, a pesquisa científica que é algo que enaltece qualquer mente e coração também. Afinal, nós não somos só mente, não somos computadores, somos corações humanos, é uma viagem que a humanidade começou a fazer desde Galileu, em meados do século XVII, que não tem fim, não tem prazo para terminar e a ciência enaltece qualquer alma humana.

“Então, exatamente por isso, essa conotação ambiental para esse curso que é o curso de Física.”

EDITORIAL

O século XXI iniciou sob a égide da Ecologia e está se confirmando como o século em que muitas políticas e projetos em defesa do meio ambiente estão sendo processadas e assim são exigidas da população mundial posturas de verdadeiros guardiães do meio ambiente. E por que isso? Porque só agora o mundo percebeu que estava produzindo a sua própria destruição. Capitalistas ou não, os dirigentes das grandes potências só se preocuparam em acumular riquezas, implantando indústrias poluentes; extraindo minérios sem o devido planejamento; entrando numa desenfreada corrida por armamentos bélicos, inclusive armas nucleares, tudo isso sem se preocupar com as consequências desastrosas do desequilíbrio ambiental ocasionado por essas ações irresponsáveis e criminosas. Foram as grandes catástrofes que fizeram os poderosos dirigentes dos países ricos acordarem para a lastimável realidade do mundo contemporâneo. E aí começaram a pesquisar, a especular, a fazer projeções futurísticas, as quais em sua maioria preveem um final apocalíptico para o mundo.

Os efeitos desses estudos e previsões, infelizmente, atingem principalmente a nós, amazônidas, considerados agora como vilões por não sabermos usar equilibradamente o meio ambiente de que dispomos. Aí somos penalizados e relegados ao subdesenvolvimento por não podermos fazer nada sem o aval das grandes organizações mundiais de defesa do meio ambiente. Não se está aqui negando o importante papel dessas instituições que combatem as ações destrutivas ambientais, entretanto acredita-se que, antes de tudo, é preciso que sejam implantadas em todas as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio, disciplinas de Educação Ambiental, pois só assim as futuras gerações serão conscientizadas de suas ações benéficas ou maléficas ao meio ambiente. Se essas organizações de vigilância e controle ambiental atuassem como fomentadoras de ações preventivas necessárias à manutenção do meio ambiente, com certeza seu papel seria mais relevante, pois não basta que elas apenas combatam indiscriminadamente qualquer ação suspeita de prejudicar a natureza, visto que muitas vezes acabam sendo injustas, perseguindo pequenos agricultores incautos, mas como poderosas organizações que são e porque captam recursos financeiros internacionais com facilidade, poderiam contribuir logisticamente na educação ambiental de crianças e jovens, junto às escolas e dessa forma estariam atuando com maior eficácia.

Por meio da educação ambiental, os estudantes poderiam, por exemplo, além de praticar ações de proteção ao meio ambiente, obter conhecimentos teóricos sobre Ecologia, palavra que se constitui de dois termos gregos. 1º Oikos, que significa: habitação, família, raça; este, em grego, se forma do verbo oikizen, que significa: instalar, construir, fundar. 2º Logia , que se formou do verbo loguein: dizer, anunciar, ler, ordenar. A este verbo se prende também a palavra logos (daí logia), que significa: palavra, razão, discurso. Os diferentes significados possíveis dos dois termos gregos mostram que em nenhum momento aparece a palavra natureza. Muito pelo contrário, se há um significado central no termo ecologia, este é habitação. O habitar do homem é cultural, nada nele é natural. Todo o humano está mediado pela cultura porque se constitui a partir das relações do homem com o espaço, consigo mesmo e com os demais; relações nas quais a linguagem ocupa um lugar fundamental. Então, mais que um ramo da Biologia, a Ecologia teria de ser uma ciência humana; mais ainda, uma proposta de transformação social. E é aí que reside o nicho no qual se encaixam os estudos ambientais, que se configuram como ações e práticas em que todos têm sua parcela de responsabilidade, independente da área de conhecimento e atuação profissional. É preciso, portanto, que toda a sociedade tenha participação nessa tarefa de educação ambiental, mas o principal papel cabe a nós, educadores amazônidas, que, de fato, devemos instrumentalizar os indivíduos de nossa sociedade, encontrando alternativas para uma sobrevivência pacífica e ordenada neste formidável ecossistema que é a Amazônia.

OPINIÃO

Personal Trainer: Por que contratá-lo?

*Por Jabert Diniz Júnior

O termo Personal Trainer, que quer dizer treinador pessoal, não é um conceito do momento, já existe há bastante tempo ligado a atores de cinema, atletas e pessoas ricas e famosas. Era um profissional acessível apenas a alguns privilegiados com maior poder financeiro e visto com certo preconceito por grande parcela da população. Nos últimos tempos, no entanto, tomou conta do mercado, passando por barreiras sócio-econômicas e culturais para ser um serviço escolhido e utilizado por muita gente.

O serviço prestado pelo professor particular de Educação Física, o personal training ou treinamento personalizado, na realidade, abriu caminho para um novo mercado de trabalho que faltava na saúde, embora, erroneamente, em princípio, ter sido tachado como um trabalho direcionado apenas para aqueles obcecados pela estética.

Atualmente, devido à maior evolução nas áreas da medicina, nutrição, fisiologia e outras ciências relacionadas à saúde e à ampla divulgação nos meios de comunicação sobre os benefícios proporcionados por um estilo de vida ativo, as pessoas felizmente passaram a enxergar o exercício bem orientado, não apenas como um caminho para a beleza física, mas principalmente, como a melhor forma para se obter saúde e longevidade.

Porém, somente saber que um estilo de vida ativo faz bem para a saúde não é suficiente para que o indivíduo calce um tênis, vista uma roupa apropriada e vá para as ruas, praças ou outros espaços se exercitar, especialmente aqueles que têm um estilo de vida totalmente sedentário, encontram-se obesos ou com sobrepeso e desejam emagrecer.

A mudança de estilo de vida, de sedentário para ativo, sem dúvida, já é um passo para a melhoria da qualidade de vida, porém, muitos se frustram por não conseguir alcançar seus objetivos e acabam desistindo, pois não encontram nenhuma motivação para se exercitarem. Isso porque praticar exercícios físicos pode parecer muito simples, mas não é, já que a tarefa não é fácil nem rápida como propagam algumas empresas de fitness. É necessário tempo, dedicação e persistência do indivíduo que está se propondo a modificar seus hábitos, seja em busca da saúde, ou da otimização da sua composição corporal, estética, etc.

Mas estruturar e monitorar um programa de exercícios não é fácil, principalmente em função da variabilidade de características dos praticantes. Para esse propósito, o Personal faz uso de uma avaliação física completa para prescrever as atividades que serão direcionadas para a melhora dos componentes da aptidão física, indispensáveis em qualquer programa regular de condicionamento físico voltado para a promoção da saúde, que são: a força e a resistência muscular, a flexibilidade e a aptidão cardiorrespiratória (MONTEIRO, 2004).

Ensinar, portanto, os mecanismos de perda ou de ganho de peso; encontrar a zona alvo de treinamento, atribuindo uma intensidade apropriada com que o indivíduo deve se exercitar com segurança para obter o melhor resultado possível; proporcionar mudanças de hábitos na vida dos indivíduos; são algumas das atribuições do Personal Trainer.

As vantagens de ter um Personal Trainer são várias, dentre as quais: o atendimento e acompanhamento individualizado; maior atenção na supervisão e correção dos exercícios e da postura; possibilidade de variação de modalidades e atividades de exercícios; comodidade na escolha e variações de locais para execução das aulas; escolha de horários compatíveis com a disponibilidade e rotina diária do cliente; elaboração de programas com objetividade e eficiência, atendendo às expectativas do cliente e sua individualidade biológica; maior motivação causada pela presença do Personal para os dias de indisposição e falta de vontade para exercitar-se.

O compromisso, no entanto, deve ser recíproco, pois a presença do aluno no treinamento afeta o trabalho do Personal e vice-versa. Se não houver regularidade não haverá bons resultados, acarretando muitas vezes na desistência do aluno. Mas lembre-se: contratar um Personal Trainer é tão importante quanto escolher um médico, um dentista ou qualquer outro profissional que vai lidar com sua saúde e uma escolha mal feita pode acarretar danos à integridade física, além de prejuízo financeiro. Portanto, antes de fazê-lo, certifique-se de que ele tem formação universitária em Educação Física, cursos de especialização, verificando também as suas referências e o que mais for necessário na escolha de um profissional qualificado.

Referências bibliográficas:

DOMINGUES FILHO, Luiz A. Manual do Personal Trainer Brasileiro - Ícone, São Paulo, 1998;

MONTEIRO, WALACE. Personal Training: Manual para Avaliação e Prescrição de Condicionamento Físico. 4ª Edição. Rio de Janeiro, Sprint, 2004.

* Licenciado Pleno em Educação Física - UEPA

OPINIÃO

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDO

Por Rosa Sinara Feitosa Figueira*

A leitura, apesar de ser realizada individualmente, exige um processo de comunicação e de interação entre o leitor e o autor do texto. Neste sentido, pode-se afirmar que o processo de leitura mostra-se bastante complexo, uma vez que depende do processamento de informações e da cognição do leitor, de um texto elaborado por um autor e do contexto de ambos, confirmando que “o texto é um evento comunicativo em que convergem ações lingüísticas, sociais e cognitivas” (BEAUGRANDE apud MARCUSCHI, 2008).

Evidentemente, ler não é apenas decodificar. O processo de leitura envolve sujeitos e sentidos em constante busca de significados. Nesse aspecto, o "conhecimento de mundo" é fator determinante para o completo entendimento do texto, já que os conhecimentos prévios nos permitem entender não apenas o que o texto diz, mas, sobretudo, o que revela sem dizer explicitamente.

Como vemos, a produção de sentido, como bem assevera Marcuschi (2008:242), “[...] é uma perspectiva interpretativa do leitor e não se acha inscrita de forma completa e unívoca no texto [...]”, não dependendo apenas da estrutura textual em si.

Não se pode levar em consideração para a compreensão de um texto apenas o domínio linguístico, mas o domínio pragmático e o extralinguístico, uma vez que “[...] o falar depende não só de um saber prévio de recursos disponíveis, mas de operações de construção de sentidos [...]” (GERALDI, 1991:9).

A compreensão de texto vai além da decodificação das palavras, ela precisa ser muito mais do que isso, nós precisamos entender que ser nativo de uma língua, pelo menos uma língua como a nossa, tão complexa, não é o suficiente para formação de sentido de um texto.

A leitura, além do conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores, exige que o leitor/ouvinte, no ato da leitura, mobilize estratégias de ordem linguística e de ordem cognitivo-discursivas, para que os textos se tornem mais legíveis.

Assim sendo, é preciso ficar claro que o sentido de um texto, se dá a partir da relação que leitor/ouvinte estabelece do texto com o seu contexto sociocognitivo, que ativará automaticamente as suas experiências de vida, os seus conhecimentos prévios, o seu conhecimento linguístico propriamente dito.

REFERÊNCIAS

GERALDI, João W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

MARCUSCHI, L. A. produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.



* Aluna do Curso de Especialização

Faculdade de Letras lança Revista Olho de Boto

Mais do que teorizar, incentivar e orientar os alunos a produzirem, a Faculdade de Letras traz para a prática a preocupação com o futuro profissional dos alunos.

Por Carla C. Leão Pimentel

Nos dias 30 de setembro, 1º e 02 de outubro de 2009, aconteceu o I SEMINÁRIO DE EXTENSÃO – Contribuições Funcionalistas para o Ensino de Língua Portuguesa, do grupo de Estudos Linguísticos do Oeste do Pará, (GELOPA). O evento foi marcado pelo lançamento da Primeira Edição da Revista Olho de Boto, revista periódica de artigos científicos da Faculdade de Letras, da UFPA/ Campus de Santarém. A revista tem a preocupação de incentivar a produção acadêmica, e servir como veículo de circulação do conhecimento científico produzido nos cursos de Letras das universidades brasileiras, promovendo uma interação entre pesquisadores das áreas de Linguística, ensino de Língua Portuguesa, Literatura, Arte e Cultura.

O evento contou com a participação da Orquestra Wilson Fonseca, que fez uma belíssima apresentação no auditório da Universidade, da Profª Dra. Ediene Pena Ferreira, coordenadora do GELOPA e organizadora da Revista Olho de Boto e da comunidade acadêmica que prestigiou o evento.

Alguns dos autores dos artigos que compuseram a revista nessa primeira edição também compareceram, a saber: Rafahel Jean Parintins Lima, Francisco César Sousa Rêgo, Prof. Msc. Zair Henrique Santos, Profª. Msc. Ana Maria Vieira Silva, Profª. Msc. Terezinha de Jesus Dias Pacheco.

A publicação serve de estímulo para que a produção acadêmica cresça e seja aperfeiçoada a cada dia. Sabe-se que, ao longo dos anos, discentes e docentes reivindicavam um espaço para expor suas produções e isso agora se tornou possível graças ao empreendimento da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Pará, que além de teorizar, incentivar e orientar os alunos a produzirem, traz para a prática essa preocupação com o futuro profissional dos alunos, possibilitando a publicação de suas produções em diversos eventos e agora com uma novidade bem mais instigante, a Revista de Letras Olho de Boto, periódico que não é exclusividade de professores e alunos do curso de Letras, mas se destina a toda a comunidade acadêmica, desde que seja enfatizado em seus artigos o uso da linguagem em seus múltiplos aspectos, conforme assegura a organizadora da revista, Profª. Dra. Ediene Ferreira: “A Revista pretende divulgar investigações linguísticas, literárias, culturais e artísticas. Então, se um profissional de outro curso reflete sobre a linguagem, sob qualquer perspectiva, pode e deve submeter seu trabalho ao comitê editorial da revista. Preferimos que os artigos sejam escritos por doutores, mestres ou especialistas. Em caso de aluno, só se houver co-autoria com um professor”.

A primeira edição da revista dispõe de dez artigos, são eles:

1) Língua Portuguesa e ensino: percurso de uma disciplina - Raimundo Nonato de Pádua Câncio. 2) Ampliação Funcional de Chegar - Ediene Pena-Ferreira. 3) Rádio: instrumento de ensino/aprendizagem no interior do Pará - Emília Pimenta Oliveira, Adrielen Sá Batista, Francisco César Sousa Rego. 4) Sobre gramática e cognição - Ediene Pena-Ferreira 5) Atividades com o gênero música infantil do guia pedagógico Volume Oito: Projeto Rádio pela Educação - Rafahel Jean Parintins Lima, Emília Pimenta Oliveira. 6) Romances e novelas do século XIX: censura e prescrição da leitura feminina - Ana Maria Vieira Silva. 7) Bruno de Menezes e a conversão da cultura Afrobrasileira em poética literária - Terezinha de Jesus Dias Pacheco. 8) Edmundo Menezes e seus encantos de boto - Zair Henrique Santos. 9) Topoanálise na poética de Max Martins: o imaginário dos espaços internos X externo a partir da casa - Ana Maria Vieira Silva 10) Bruno de Menezes: um complemento folclorista da Amazônia - Terezinha de Jesus Dias Pacheco.

Para um aluno que ainda não cursa uma graduação, ou mesmo para os que cursam, mas não são pesquisadores, talvez seja difícil entender a importância que a publicação de um trabalho tem, mas quando já conhecem seu valor, no que diz respeito ao enriquecimento curricular e intelectual, publicar se torna um dos maiores objetivos da comunidade acadêmica. A Profª. Ediene também informa os principais requisitos exigidos para a aceitação dos artigos: “Quem deseja publicar na revista Olho de Boto deve ficar atento ao prazo de envio dos artigos e às normas para publicação que estão disponíveis no endereço www.gelopa.com. Temos regras específicas, o limite é de 20 (vinte) páginas, as demais regras estão no site. Para que não haja ‘favoritismo’ nas escolhas dos artigos a serem publicados, há uma comissão editorial constituída por professores doutores de diferentes instituições brasileiras e até do exterior, é o caso da Profª. Anabela Gonçalves, da Universidade de Lisboa. A comissão preenche um formulário avaliativo constituído para esse fim”.

É sabido que mais do que apoio e incentivo à publicação, as universidades públicas precisam de investimento financeiro para cobrir os custos que uma revista traz. No caso da Revista Olho de Boto, o órgão financiador é a FAPESPA - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará.

Espera-se que a partir dessa importante iniciativa da Faculdade de Letras, a academia em geral perceba a importância que tem a publicação e se disponha a produzir e divulgar suas produções, não só na Revista Olho de Boto, mas em outros veículos de comunicação, pois certamente a partir daí, os trabalhos divulgados servirão como base de pesquisa e de inspiração para outros trabalhos.

PRODUÇÕES TEXTUAIS RESULTANTES DAS OFICINAS DO PROGRAMA DE EXTENSÃO OLHO DE BOTO

OPINIÃO


A SECA NO RIO AMAZONAS

Por Marcos Josué F. Miranda


Com as maiores derrubadas na floresta amazônica no oeste do Pará, onde o clima é muito elevado, vem acontecendo também uma grande seca no rio Amazonas. Com essa seca vem para as praias uma enorme quantidade de peixes mortos, com o rio poluído, sem oxigênio na água os peixes morrem.

E quem vem sofrendo as conseqüências são os ribeirinhos, que dependem dos peixes para sobreviver.

Lembrando que os poluentes mais encontrados são sacolas plásticas, pneus e destroços de embarcações.

As queimadas e derrubadas também contribuem muito para a destruição do meio ambiente.

Como sabemos, é de onde tiramos o nosso sustento, por isso, se não preservarmos acabaremos destruindo o mundo com as nossas próprias mãos.

PRODUÇÕES TEXTUAIS RESULTANTES DAS OFICINAS DO PROGRAMA DE EXTENSÃO OLHO DE BOTO

OPINIÃO


SOCIEDADE CONSCIENTIZADA

Por Vanêssa P. Pinto

No Brasil, apesar deste possuir uma natureza exuberante com uma rica fauna e flora, ainda não se pode afirmar que nós brasileiros temos consciência desse patrimônio. A região norte, que é a maior área do Brasil, que abrange a floresta amazônica, é uma das mais importantes pelo fato de concentrar a maior biodiversidade de animais, plantas e água.

No Pará também existe parte da nossa floresta, que não é preservada, pois ocorrem desmatamentos, queimadas e grilagem de terras, o que é inaceitável em pleno século XXI, pois todos nós sabemos que a Amazônia é o “pulmão do mundo”, assim, deveríamos pelo menos respeitá-la como tal.

De fato, existem projetos e mais projetos para a conscientização das pessoas, mas parece que nada é levado em conta nesse Brasil. Em Santarém, no Pará, existe, por exemplo, o projeto IBAMA, que visa proteger os animais e a nossa floresta, mas nem sempre está funcionando e tomando conta da “consciência ecológica” desses santarenos.

Enfim, o que realmente preocupa não só no Pará, nem na Amazônia, mas no Brasil, é o fato das pessoas precisarem se conscientizar que o Brasil está em nossas mãos, que o mundo que fazemos hoje é o futuro de amanhã.