quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

EDITORIAL

O século XXI iniciou sob a égide da Ecologia e está se confirmando como o século em que muitas políticas e projetos em defesa do meio ambiente estão sendo processadas e assim são exigidas da população mundial posturas de verdadeiros guardiães do meio ambiente. E por que isso? Porque só agora o mundo percebeu que estava produzindo a sua própria destruição. Capitalistas ou não, os dirigentes das grandes potências só se preocuparam em acumular riquezas, implantando indústrias poluentes; extraindo minérios sem o devido planejamento; entrando numa desenfreada corrida por armamentos bélicos, inclusive armas nucleares, tudo isso sem se preocupar com as consequências desastrosas do desequilíbrio ambiental ocasionado por essas ações irresponsáveis e criminosas. Foram as grandes catástrofes que fizeram os poderosos dirigentes dos países ricos acordarem para a lastimável realidade do mundo contemporâneo. E aí começaram a pesquisar, a especular, a fazer projeções futurísticas, as quais em sua maioria preveem um final apocalíptico para o mundo.

Os efeitos desses estudos e previsões, infelizmente, atingem principalmente a nós, amazônidas, considerados agora como vilões por não sabermos usar equilibradamente o meio ambiente de que dispomos. Aí somos penalizados e relegados ao subdesenvolvimento por não podermos fazer nada sem o aval das grandes organizações mundiais de defesa do meio ambiente. Não se está aqui negando o importante papel dessas instituições que combatem as ações destrutivas ambientais, entretanto acredita-se que, antes de tudo, é preciso que sejam implantadas em todas as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio, disciplinas de Educação Ambiental, pois só assim as futuras gerações serão conscientizadas de suas ações benéficas ou maléficas ao meio ambiente. Se essas organizações de vigilância e controle ambiental atuassem como fomentadoras de ações preventivas necessárias à manutenção do meio ambiente, com certeza seu papel seria mais relevante, pois não basta que elas apenas combatam indiscriminadamente qualquer ação suspeita de prejudicar a natureza, visto que muitas vezes acabam sendo injustas, perseguindo pequenos agricultores incautos, mas como poderosas organizações que são e porque captam recursos financeiros internacionais com facilidade, poderiam contribuir logisticamente na educação ambiental de crianças e jovens, junto às escolas e dessa forma estariam atuando com maior eficácia.

Por meio da educação ambiental, os estudantes poderiam, por exemplo, além de praticar ações de proteção ao meio ambiente, obter conhecimentos teóricos sobre Ecologia, palavra que se constitui de dois termos gregos. 1º Oikos, que significa: habitação, família, raça; este, em grego, se forma do verbo oikizen, que significa: instalar, construir, fundar. 2º Logia , que se formou do verbo loguein: dizer, anunciar, ler, ordenar. A este verbo se prende também a palavra logos (daí logia), que significa: palavra, razão, discurso. Os diferentes significados possíveis dos dois termos gregos mostram que em nenhum momento aparece a palavra natureza. Muito pelo contrário, se há um significado central no termo ecologia, este é habitação. O habitar do homem é cultural, nada nele é natural. Todo o humano está mediado pela cultura porque se constitui a partir das relações do homem com o espaço, consigo mesmo e com os demais; relações nas quais a linguagem ocupa um lugar fundamental. Então, mais que um ramo da Biologia, a Ecologia teria de ser uma ciência humana; mais ainda, uma proposta de transformação social. E é aí que reside o nicho no qual se encaixam os estudos ambientais, que se configuram como ações e práticas em que todos têm sua parcela de responsabilidade, independente da área de conhecimento e atuação profissional. É preciso, portanto, que toda a sociedade tenha participação nessa tarefa de educação ambiental, mas o principal papel cabe a nós, educadores amazônidas, que, de fato, devemos instrumentalizar os indivíduos de nossa sociedade, encontrando alternativas para uma sobrevivência pacífica e ordenada neste formidável ecossistema que é a Amazônia.

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