quinta-feira, 1 de outubro de 2009

OPINIÃO - EDUCOMUNICAÇÃO

EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

Carla Cristina Leão PIMENTEL[i]

Rafahel Jean Parintins LIMA[ii]

Emília Pimenta OLIVEIRA[iii]

Vive-se na era da informação e trabalhar com tecnologias de comunicação e informação (TICs) na educação é um desafio.

É preciso analisar como as diversas tecnologias vêm sendo incorporadas à escola, pois, na difícil tarefa de educar, é importante destacar que o professor precisa desenvolver sua capacidade de despertar a vontade de aprender naqueles que ensina, e isto só será possível se houver motivação.

É essencial refletir sobre o papel da escola, fundamental no sentido de viabilizar ou impedir que a inovação se expresse por uma forma de ensinar, facilitada com o uso das TICs e incorporando-se à cultura escolar. Por isso, é importante criar espaço dentro e fora da sala de aula para que a aprendizagem aconteça, acompanhando o acelerado crescimento das tecnologias da informação e da comunicação, utilizando-as da melhor forma possível no ensino/aprendizagem da Língua Materna.

EDUCAÇÃO PELA MÍDIA

A educomunicação (ou “educação pela mídia”, ou Comunicação/Educação, ou “mídia-educação”) consiste no conjunto de práticas e debates teóricos fundamentados na relação entre Educação e Comunicação. De acordo com Rodrigues (apud MARCONDES, 2008, p. 12), a “Comunicação e Educação não podem mais ser vistas apenas como assuntos distintos, pois uma está ligada à outra, estabelecendo uma relação dialógica entre esses campos, o que resulta em um novo campo: o da Educomunicação”.

Nos dias de hoje, com as novas TICs (“tecnologias da informação e da comunicação”), a preocupação em torno da distância entre o que a Escola ensina e o que o mundo extraescolar exige, no que diz respeito ao domínio de novos objetos tecnológicos, tem se tornado corrente dentro do meio acadêmico. Nessa dinâmica tecnológica, as diferentes formas de comunicação entre as pessoas também se multiplicam, e os indivíduos se veem cotidianamente submersos num oceano de informações.

O maior desafio da Educação e da Comunicação, hoje, é estudar os impactos desse oceano sobre o indivíduo, e propor alternativas que colaborem para o crescimento do senso crítico dos alunos em relação aos diversos textos com que eles entram em contato a cada dia, pois, com o notório avanço tecnológico recente, é imprescindível que se tenha em sala de aula diferentes formas de se trabalhar a comunicação; para tanto, como afirma Cunha (apud MARCONDES, 2008, p.10), “não queremos dizer que a escola tenha que abandonar os livros e atuar somente sobre práticas que utilizem novas tecnologias, mas que abra suas portas para algo que já faz parte da vida dos alunos fora dela”.

Percebe-se,

(...) hoje, uma grande disputa entre os meios de comunicação, de um lado e as tradicionais agências de socialização – escola e família –, de outro. Ambos os lados pretendem ter a hegemonia na influência da formação de valores, na condução do imaginário e dos procedimentos dos indivíduos/sujeitos (BACCEGA, 2001, p. 7).

Para que não só Escola e Família possam colaborar com a educação de crianças, adolescentes e adultos, mas também outros setores da sociedade (ou “esferas da atividade humana” de que fala a teoria de gêneros (BAKHTIN apud GOMES-SANTOS, 2003, p. 2), é necessário que, por exemplo, se considere os “(...) meios de comunicação como um outro lugar do saber, atuando justamente com a escola e outras agências de socialização” (BACCEGA, 2001, p. 9).

Sabe-se que a Escola ainda não atende a todas as discussões atuais em torno de suas possibilidades de ação educativa; “(...) à escola compete ser a grande agente mediadora entre os meios de comunicação e as crianças e jovens. Orientar a aprendizagem dos alunos, inclusive fora do âmbito escolar, levá-los a aproveitar o que os meios de comunicação oferecem de positivo (...)” (BACCEGA apud MARCONDES, 2008, p.103) e a percebê-los a partir de leituras mais críticas (RODRIGUES apud MARCONDES, 2007, p.3).

É importante também problematizar o conteúdo dos meios, mostrando aos alunos, contradições existentes entre valores hegemônicos da sociedade retratados na mídia, e propostas educativas das famílias e das escolas, fato esse que já incita o alunado a discutir como deveriam ser elaborados os programas midiáticos. No contexto da educação para a comunicação, o importante é que os alunos saibam que a realidade contemporânea caracteriza-se pela pluralidade de mediações, as quais interferem na tomada de decisões dos cidadãos enquanto seres sociais.

Assim, para que se faça com êxito o uso da Educomunicação no ambiente escolar, e, no caso, nas aulas de Língua Portuguesa, é necessário que haja discussão no que diz respeito ao planejamento pedagógico da instituição envolvida. Além disso, o uso da mídia como ferramenta pedagógica junto com o gênero como objeto de ensino, necessita do conhecimento adequado para interpretá-la, incluindo, obrigatoriamente, análise, avaliação e reflexão crítica, e, ainda, que seja estudada com cautela e de forma integrada.

REFERÊNCIAS

BACCEGA, Maria Aparecida. Da Comunicação à Comunicação/Educação. In: Comunicação & Educação. São Paulo, SP: ano VII, maio/agosto 2001.

BAKHTIN, Mikhail, Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988.

GOMES-SANTOS, Sandoval Nonato. Recontando histórias na escola: os gêneros discursivos e produção escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MARCONDES, Daniela Cristina. Educomunicação na prática: publicidade também funciona em sala de aula. 2008. 97 f. Monografia (Bacharelado em Comunicação Social) - Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino, São Paulo, 2008.

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem. In: MEURER, J. L.; BONINI, Adair; MOTTA-ROTH (orgs.). Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2005.



[i] Graduanda de Licenciatura Plena em Letras-Habilitação em Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pará (UFPA); e-mail: carlaleao_pimentel@hotmail.com.

[ii] Graduando de Licenciatura Plena em Letras-Habilitação em Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pará (UFPA); e-mail: rafahel.jean@gmail.com.

[iii] Professora Dra. em Linguística Aplicada. Orientadora do trabalho. E-mail: pimenta@ufpa.br.

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