quinta-feira, 1 de outubro de 2009

OPINIÃO - EDUCAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO SOCIOCOGNITIVO

NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO


Rosa Sinara Feitosa Figueira [i]

Qualquer tentativa de tentar compreender um texto sem dá a relevância necessária ao contexto será um desastre, já que seu sentido não depende somente da “estrutura textual” mas é construído na interação do leitor com o texto. Neste sentido, Dascal e Weizmam postulam que o leitor ao entrar em contato com um texto acha-se exposto a uma base, a partir da qual, usando o co-texto e o contexto, se dá a compreensão textual, que, inclusive, já é amplamente aceita como papel central na interpretação de textos.

Já foi salientado que o contexto é extremamente importante no processo de leitura e produção de sentidos, mas é necessário ressaltar que a concepção de contexto aqui mencionado não se refere apenas ao entorno verbal do texto, o co-texto, mas a contextualização em sentido amplo, envolvendo desde as condições imediatas até a contextualização cognitiva dos interlocutores, este contexto é chamado por Marcuschi (2008) de contexto situacional, e denominado por koch e Elias (2006) de contexto sociocognitivo.

Este contexto sociocognitivo leva em consideração os conhecimentos enciclopédicos, textuais, situacionais, sociointeracionais que permitirão ao leitor de um texto fazer inferências e, a partir de então construir o sentido do texto, não se baseando apenas nos elementos lingüísticos presentes na superfície textual, uma vez que “na atividade de leitura ativamos o lugar social, as vivências, as relações com o outro, os valores da comunidade, além dos conhecimentos textuais” (cf. PAULINO et al. 2001).

É importante frisar que quando só se levar em consideração os conhecimentos lingüísticos dos leitores de determinado texto, sem se pensar nas experiências e nos conhecimentos dele, alguns questionamentos podem surgir, tais como o fato de um texto ser aparentemente simples para uns e ilegível para outros, e principalmente, se ele encontrar dificuldade para compreender enunciados criados em sua própria língua.

Segundo koch (2002) para que o processamento textual ocorra: é necessário considerar os três grandes sistemas de conhecimento: o lingüístico, o enciclopédico e o interacional.

É interessante observar que um texto não se destina a todos e quaisquer leitores, mas pressupõe um determinado tipo de leitor e requer a valorização das vivências e dos saberes deste.

Hoje em dia, é comum nos depararmos com textos que não fazem nenhum sentido para nós, mas isso não significa dizer que ele não tenha sentido nenhum, o problema está no já citado anteriormente contexto sociocognitivo e na concepção de texto enquanto “lugar de interação de sujeitos sociais” que precisam que seus conhecimentos sejam, pelo menos, parcialmente semelhantes para que haja compreensão.

Portanto, para que o texto tenha sentido, é imprescindível que o leitor ative todos os seus conhecimentos, se ancorando no que Marcuschi (2008) chama de contextualização em sentido amplo, que leva em consideração os enquadres sociais, culturais, históricos e todos os demais que porventura possam entrar em questão num dado momento do processo discursivo.

REFERÊNCIAS

GERALDI, João W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. . São Paulo: Cortez, 2002.

KOCH, I. V. & ELIAS. V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2006.

MARCUSCHI, L. A. produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.


[i] Aluna do Curso de Especialização Língua Portugesa: uma Abordagem textual

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