sábado, 13 de setembro de 2008

Face a Face


A implantação da nova universidade tem sido uma das criações mais esperadas para o ano 2008. Autônoma e independente, a universidade surge multicampi expandindo novos núcleos para outros municípios da região, a partir da fusão entre UFPA/Campus de Santarém e UFRA.
A Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) trará para a região novos cursos de graduação, além de mestrados e doutorados, gerando, ainda, 812 vagas de emprego nos setores educacional e administrativo. A nova instituição de Ensino Superior virá contemplar a região Oeste do Pará. Confira agora outras informações na entrevista com a coordenadora do campus UFPA/Santarém, Marlene Escher, que fez uma avaliação do seu trabalho à frente da coordenação e falou sobre a nova instituição de ensino superior.


1. Jornal Olho de Boto - Como a senhora avalia seu trabalho como coordenadora da UFPA/Campus Santarém?

Marlene Escher - Estamos muitos satisfeitos com o nosso trabalho porque dentre propostas dos nossos planos de gestão que eu procuro ser fiel com aquilo que eu me comprometi no decorrer da eleição. De 57 propostas nós já cumprimos 35 no primeiro ano, isso é uma coisa que nos traz muita satisfação. É claro que existem muitas coisas que precisam ser melhoradas e um dos nossos maiores gargalos é a nossa infra-estrutura, não em termos de querer melhorar a climatização das salas. Isso é muito bom, mas nós não temos espaço. Agora estamos concluindo a construção dos prédios no campus II. Com essa conclusão já vai melhorar um pouco, mas não vai solucionar a questão do nosso espaço. No plano acadêmico, que é o mais importante, a gente teve um avanço, as coordenadorias se desenvolveram bem, nós conseguimos a aprovação de oito espacializações para o campus antes nós tínhamos uma única especialização que era de Física Ambiental. Nós estamos conseguindo incentivar as faculdades a fazerem seus projetos pedagógicos. O projeto pedagógico é fundamental é ele que dará o direcionamento do ensino, da pesquisa e da extensão de cada faculdade. Outra conquista é o nosso mestrado de Santarém criado pelo professores da UFPA e claro, com a colaboração de outros professores de outras instituições. Temos conseguido muitas melhorias. O meu objetivo é ser a catalizadora, a pessoa que articula, aproxima todo mundo e estimular todos a trabalharem e temos conseguido razoavelmente bem.

2. JOB - Como está o andamento da criação da nova universidade? Há alguma novidade?

Marlene Escher - A criação, hoje, depende da aprovação no congresso porque o presidente fez questão que ela fosse criada pelo projeto de lei, então, isso demora um pouco porque nós temos um problema de pauta no nosso congresso. O Ministro da Educação pediu ao reitor que nós criássemos uma comissão da UFPA juntamente com a UFRA para fazer as primeiras negociações com o MEC para pensar na instalação da nova universidade. Daí, quando surgir a nova lei estará tudo encaminhado. Quem compõe essa comissão aqui no campus é o professor Ricardo Medeiro, nosso representante do CONSEP, professor Adaílson pedagogo e trabalha no planejamento do campus e eu como coordenadora. Um professor da UFRA e um professor de Belém em função das experiências.
3. JOB - Os meios de comunicação veicularam que a nova universidade substituiria a UFPA/Campus de Santarém. Como se dará o processo de transição?
Marlene Escher - A UFOPA surge a partir da fusão doUFPA/ campus de Santarém e com o campus da UFRA, surgindo uma universidade autônoma e independente. A transição se dará, provavelmente, no período de dois anos. Esse será o período que será nomeado o reitor pró-tempo e vai se criar o estatuto e o regimento interno dela. A partir da aprovação do estatuto e do regimento passa-se a eleição do reitor que será escolhido pela comunidade. Quem vai ficar é uma incógnita, porque Belém entende que tem que ser alguém de Belém e nós defendemos que não, estamos discutindo com o reitor que tem que ser alguém de Santarém. Nós temos competência de dirigir e administrar algo que vai ficar aqui conosco. Eu particularmente sou contra que venha a ser alguém de Belém porque quem vai administrar vai ter que agüentar as conseqüências, quem conhece a realidade local é quem está vivendo a realidade local. Claro o que eu gostaria de ficar à frente. Vou brigar, vou discutir, vou me manifestar se quiserem colocar alguém de Belém.
3. JOB - Quantos e quais os cursos de graduação serão oferecidos para a região?
Marlene Escher - A universidade terá um total de 51 cursos. Destes 51, oito já existem. Sete do campus e um da UFRA, 28 novos cursos para Santarém, 8 para Itaituba, 3 para Monte Alegre e 4 para Oriximiná, surgindo como uma universidade multicampi com 4 campus.
4. JOB - Além dos cursos de graduação, serão oferecidos mestrados e doutorados?
Sim, nós vamos iniciar com esse mestrado de recursos naturais e com a contratação de novos professores iremos construir novos mestrados, inclusive estamos articulando um doutorado com o NAIA.

5. JOB - Veiculou-se que a ALCOA estaria solicitando cursos para a cidade de Juruti. Isso se configura em uma PPP (Parceria Público-privada). Qual será a contrapartida da ALCOA?
Marlene Escher - Nós tivemos uma conversa com o pessoal da ALCOA, em Belém, e eles nos perguntaram da possibilidade de se criar um núcleo na cidade de Juruti. Particularmente, sou a favor eu acho que nós temos que fortalecer a região Oeste do Pará, não podemos só pensar em Santarém e não todo mundo que tem condições de se deslocar para vir para Santarém estudar. E para ser instalado a prefeitura tem que ser parceira e oferecer a infra-estrutura e o pessoal para trabalhar na administração. E posteriormente, este núcleo poderá se tornar um campus.
Não deixaria de ser uma parceria público-privada, mas nós temos que ver em que moldes seria essa parceria então nós temos que ser muito criterioso, não pode ser qualquer parceria. A ALCOA procurou a UFPA, e o reitor fez questão de que nós estivéssemos presentes, em função de que eles precisam de mão-de-obra qualificada. Segundo o diretor da ALCOA, eles querem pessoas daqui da região e não importar mão-de-obra, mas para isso tem que qualificar as pessoas daqui. Eles querem trabalhar com a universidade o ensino, a pesquisa e a extensão, então eles querem investir neste aspecto.
6. JOB - Há uma estimativa de quanto o Governo Federal deverá investir para a implantação da nova universidade?
Marlene Escher - Na nossa proposta de implantação, criamos um orçamento de investimento um total, mais ou menos de três anos de instalação, 165 milhões de reais. E no planejamento do MEC para investir na implantação e expansão da UFOPA seriam 45 milhões.

7. JOB - A implantação da nova IES significa também oferta de vagas para emprego por meio de concursos. Existe um número de quantas vagas serão ofertadas? Em quais setores?
Marlene Escher - A previsão da contratação é de 512 novos professores. A idéia é que seria mestres e doutores, mas sabemos que nossa região nós não vamos encontrar tudo isso. E queremos que essa nova universidade absorva a mão-de-obra daqui. E técnico-administrativos estão por volta de 300.
8. JOB - Qual a importância da nova universidade para a região?
Marlene Escher - A importância de uma universidade é que ela forma massa crítica e qualifica pessoas, mas não podemos pensar só que ela vai preparar pessoas para o mercado de trabalho, essa é uma das ações da nova universidade, mas a maior importância é que ela vai preparar pessoas a pensar em nossa região.

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