sexta-feira, 20 de junho de 2008

A importância dos Jogos Populares na Educação Física Escolar e no Cotidiano Infantil


Emanoel Adriano Oliveira Colares[1]

Na escola percebe-se a falta de um tempo próprio para a prática de atividades lúdicas que proporcionem ao aluno o resgate e vivências de jogos populares, já que as aulas de educação física, em sua maioria, são voltadas para a prática de esportes. O que vemos são os jogos populares sendo substituídos por atividades praticadas mundialmente, que não apresentam características da cultura regional.

Outros fatores que têm contribuído para o esquecimento desses jogos são a influência da mídia e do avanço tecnológico no setor do entretenimento.

Assim, os jogos eletrônicos e os brinquedos industrializados, nas suas mais diferentes formas, penetraram o cotidiano das pessoas incutindo valores estéticos, competitivos e de relações que sugerem novas formas modernas de se divertir sem o mesmo caráter educativo dos jogos tradicionais, pois os jogos eletrônicos levam ao individualismo e os brinquedos industrializados são limitados no que tange ao estímulo da criatividade, uma vez que as crianças não participam do processo de criação do brinquedo. Da mesma forma, esses brinquedos estimulam as brincadeiras individualizadas, diminuindo a oportunidade da vivência lúdica coletiva. Segundo Kishimoto: “O jogo coletivo é uma necessidade para a criança. O desejo de convivência, o instinto associativo, a vontade de fazer parte de um grupo, é força dinâmica da vida” (1998, p.150).

Diante disso, consideramos de fundamental importância para o desenvolvimento cultural da sociedade e, conseqüentemente, do aluno, a vivência de brincadeiras e jogos populares, pois através deles será possível fazer uma reflexão histórico-social acerca da cultura corporal em que se vive. Conforme Kishimoto, “[...] considerando como parte da cultura popular, o jogo tradicional guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico (1998, p.23).

O jogo popular aliado ao folclore incorpora a mentalidade popular, expressando-se, pela oralidade, como expõe Cascudo: “Por ser um elemento, o jogo tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade” (1984, p. 4). Assim, pode transmitir a cultura de um povo, através da tradicionalidade que esta atividade lúdica apresenta. Clarificando esta idéia, ressalta-se:

“A tradicionalidade e universalidade dos jogos assentam-se no fato de que povos distintos e antigos como os da Grécia e do Oriente brincaram de amarelinha, empinar papagaios, jogar pedrinhas e até hoje as crianças os fazem quase da mesma forma. Tais jogos foram transmitidos de geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil”. (KISHIMOTO, 1998, pg 25).

Dessa forma, as crianças precisam conhecer estes jogos e incorporá-los nas suas vivências lúdicas, contribuindo, dessa forma, para que não sejam esquecidos. De acordo com Sutton, “[...] a cultura é passada através do jogo. Esquemas e formas de jogo passam de geração em geração, de adulto para criança e de criança para criança” (1979, p.156).

Ao incentivarmos a prática de atividades lúdicas, através de jogos populares para essas crianças nas aulas de Educação Física e em seu tempo livre, estaremos contribuindo para a formação da cidadania, estimulando-as para que despertem atitudes e conceitos de autonomia, participação, democracia, cooperação, solidariedade, fraternidade, entre outros, como afirma Huizinga: “O jogo constitui uma preparação do jovem para as tarefas sérias que mais tarde a vida dele exigirá” (2000. p.4).

REFERÊNCIAS

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: essai seu la fanction sociale du ju. SP: Gualuinara.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Jogo e a Educação Infantil. 1

ed. SP: Pioneira, 1998.

MELLO, Alexandre Moraes. Psicomotricidade – Educação Física – Jogos Infantis. 2 ed. SP: Ibrasa, 1993

NETO, Carlos Alberto Ferreira. Motricidade e Jogo na Infância. RJ: Sprint, 1995.


[1] Acadêmico de Física Ambiental – UFPA; Graduado em Educação Física – UEPA; Especializando em Psicologia Educacional – UEPA e Gestão e Docência no Ensino Superior - FIT

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