sexta-feira, 11 de julho de 2008

Programa de Extensão Olho de Boto encerra oficina com alunos da Escola Felisbelo Jaguar Sussuarana



Foram quatro meses de trabalho com os alunos do ensino médio da Escola Felisbelo Jaguar Sussuarana. Bolsistas e voluntárias desenvolveram, durante este período, várias atividades que envolvem produção textual a partir dos gêneros jornalísticos.
No próximo semestre, a equipe pretende desenvolver a oficina com um número maior de alunos da rede estadual de ensino. E promete melhorar ainda mais o trabalho que vem sendo desenvolvido.

Parabéns à equipe que trabalhou no Projeto!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

MACHADO DE ASSIS E GUIMARÃES ROSA: CENTENÁRIOS MEMORÁVEIS EM 2008.



Ana Maria Vieira Silva*

A Literatura Brasileira registra no ano de 1908 dois acontecimentos de grande relevância em sua história. É nesse ano que, em 29/09, morre Machado de Assis, o maior escritor brasileiro de todos os tempos. É também nesse mesmo ano que, em 27/06, nasce João Guimarães Rosa, escritor mineiro que inovou a linguagem das narrativas ficcionais brasileiras de caráter regionalista.
Machado de Assis e Guimarães Rosa são dois geniais escritores, verdadeira unanimidade de crítica literária nacional, cuja metalinguagem permite desdobramentos na própria interação entre as esferas do autor e a do leitor. Pertencem a duas épocas distintas e possuem estilos que em alguns aspectos apresentam semelhanças e em outros se distanciam completamente. A obra de Machado é permeada pelo pessimismo de Schopenhauer, narrando-se o desespero de uma vida onde tudo se tornou vão. A de Rosa, enlaça a admiração inicial de Nietzsche por Schopenhauer para, contudo, reverter esse pessimismo através da teoria do eterno retorno e dos aforismos de Zarathustra, com a alternância da alegria e do desespero, da criação e da destruição, do bem e do mal.
Em suas obras, Machado é o grande observador e analista da vida metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Ele observa, critica, ironiza, sempre com a intenção de conhecer melhor a alma humana e os comportamentos individuais na sociedade burguesa do século XIX.Guimarães Rosa, além de escritor, era médico e diplomata. Homem letrado e viajado. Como escritor, também é um grande observador. Há, inclusive, provas de que fazia isso sistematicamente, já que possuía inúmeros cadernos de anotações nos quais registrava fatos, descrevia as formas e cores da flora e da fauna do sertão mineiro e das atividades próprias dos lugares por onde andou, principalmente os aspectos que caracterizam o sertão de Minas Gerais – Os Gerais -, denominação utilizada pelo escritor para se referir aos campos, serrados e caatingas da região norte de Minas. Rosa, assim como Machado, apresenta personagens complexos, com dupla personalidade, com conflitos psicológicos, lidando com atitudes maniqueístas, mas, diferente de Machado, suas narrativas são ambientadas no sertão. É a vida simples do vaqueiro, do jagunço, do fazendeiro, com suas crenças e linguagens simples, que povoam o imaginário rosiano.
Se Machado surpreende pela linguagem polida, correta, sempre enquadrada nos padrões gramaticais de norma culta, Rosa vai mais além, pois apesar de grande conhecedor da gramática normativa, é o primeiro escritor que ousa inserir o linguajar dos habitantes do sertão ipsis verbis, isto é, registra, sem nenhuma alteração, muitas das variações utilizadas pelos falantes, o que resultou numa narrativa em que a escrita é permeada por aspectos próprios da oralidade. E não apenas nisso Rosa inovou. O léxico utilizado por esse escritor é riquíssimo em neologismos e arcaísmos e tem sido utilizado como corpus em inúmeros trabalhos acadêmicos em várias áreas do conhecimento: na biologia, na física, na geografia, na antropologia, enfim, há até trabalhos que exploram o caráter místico da obra de Guimarães Rosa.
Para Luiz Costa Lima, o uso do aforismo em ambos escritores é o que os distingue. Para Machado, o aforismo identifica-se como o lugar-comum, moeda-corrente, demonstrativo de uma “enfermidade depositada na linguagem e em seus usuários”(Li ma,1974, p.56). Já para Rosa, o aforismo corresponde à violação desse lugar-comum, fazendo do indivíduo índice de eventualidade. Índice de individualidade para um, sugestão de universalidade para outro, esses os extremos opostos a caracterizar os dois autores. A metalinguagem exercida por Machado junto às personagens será aplicada em Rosa junto às próprias palavras, onde o aforismo, tornado ambíguo, dará às personagens sua dimensão existencial.
Os dois escritores, cada um a seu modo, imortalizaram-se ao produzir obras que se tornaram marcos, “divisores de água”, na Literatura Brasileira. D.Casmurro, de Machado de Assis, e Grande Sertão:Veredas, de Guimarães Rosa, são, indubitavelmente, obras memoráveis que extrapolaram suas épocas e continuam servindo como objeto de estudo para inúmeras investigações científicas. Nesse sentido, vale registrar a análise feita por Madeira Filho (2000, p. 203), referente a D. Casmurro e Grande Sertão:Veredas:

Ambos os romances se expandem em uma cartografia fática - espelho refratário da outra, a da alma. Machado descreve as ruas do Rio de Janeiro, sugere seus subúrbios como o pano de fundo da mimesis social, prolongamento de um modo de ser típico a uma classe dominante que demarca seu território e seu domínio. Rosa, por sua vez, explora as trilhas do sertão, para abarcar um mundo alegórico que, de acordo com a filosofia patrística, justifique em Riobaldo o proprietário e patriarca.

É por essa e outras razões que o ano de 2008 deve ser lembrado como aquele em que se celebra o centenário de morte de Machado de Assis e o de nascimento de Guimarães Rosa. Cabe, principalmente a nós, acadêmicos, professores e alunos, conhecer e valorizar com maior profundidade a obra desses dois magníficos escritores, talvez os dois maiores expoentes da Literatura Brasileira de todos os tempos.


Referências

ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Nova Cultural/Círculo do Livro, 1994.

LIMA, Luiz Costa. A metamorfose do silêncio. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974.

MADEIRA FILHO, Wilson. Subúrbios e veredas – Apontamentos para uma leitura comparada dos narradores em Dom Casmurro e Grande Sertão:Veredas. In: Revista Scripta – Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras e do CESPUC. Belo Horizonte: CESPUC/ Ed. PUC Minas, V. 3, Nº 6, 1º semestre de 2000, p. 201-212.

ROSA, João Guimarães. Grande Sertão:Veredas.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

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*Professora de Teoria Literária, Literatura Portuguesa e Brasileira no Campus da UFPA-STM.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: trauma ou alívio ?


Por Gilmara dos Reis Ribeiro1

Chegar na reta final do Curso de Graduação poderia ser sempre um grande alívio aos acadêmicos, mas o trauma que a maioria dos alunos tem do Trabalho de Conclusão de Curso impede que isso ocorra.

Tendo em vista a obrigatoriedade2 do TCC para a academia, na tentativa de apontar aos acadêmicos concluintes alguns caminhos para que a elaboração desse trabalho científico não se torne um trauma acadêmico, os especialistas no assunto, Paulo Rogério Scarano3 e Maria Christina Zentgraf4 , no artigo Monografia sem segredo5, enumeram as etapas da produção do TCC.

Primeiramente, segundo eles, é necessário que o acadêmico escolha um tema da área com a qual mais tenha afinidade, o professor especialista no assunto que possa orientá-lo, conforme rege o regulamento da Graduação6 , para então apresentar-lhe uma lista de possíveis temas, e não que ele apresente ao acadêmico temas possíveis.

É preciso que o acadêmico participe de eventos relacionados ao tema para que possa enriquecer seus conhecimentos sobre o assunto a partir da análise e da observação de pontos abordados, a fim de deixar de lado os”achismos” e adotar a postura de pesquisador científico.

Para se definir o direcionamento do trabalho científico sem risco de repetição, além de ler outros TCCs, o acadêmico precisa ter como base para sua pesquisa uma boa bibliografia acerca do assunto, organizada com a ajuda do orientador.

Para Zentgraf e Scarano, a leitura para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso precisa abarcar além de livros, revistas, jornais, textos de teor científico extraídos da Internet, com o cuidado de selecionar textos de profissionais. É preciso também, estar sempre atualizado com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Para início do trabalho, é necessário que à medida que se segue com a leitura das fontes de pesquisa, registre-se em fichas ou arquivos de computador os dados essenciais, observando as discrepâncias de opiniões entre autores, o que pode enriquecer o trabalho, para então se definir um foco preciso.

Após o estudo das referências, é hora de elaborar o Projeto que contemple a situação-problema, objetivos pretendidos, questões norteadoras, procedimentos metodológicos adotados e resultados propostos.

Munido do Projeto, cabe então ao acadêmico organizar o tempo para cada etapa, visando entregar o TCC no prazo previsto pela Universidade.

Para fins de enriquecimento do trabalho e da apresentação sugerem ainda, respectivamente, o uso de fotos, tabelas e gráficos, transparências, slides e vídeos. Além disso, recomendam ao acadêmico assistir outras apresentações de TCC para que se observe atitudes da banca examinadora e do examinado.

Cumpre lembrar que a redação do TCC não depende de um amontoado de informações adquiridas em um mês ou dois meses de leitura acerca do tema visado, todavia, segundo Scarano e Zentgraf, a produção textual7 freqüente do acadêmico é um dos segredos para uma boa redação.

A elaboração do TCC antecipadamente, tem muito a render para a academia, pois além de se chegar a um trabalho consistente, com satisfação, evita-se os transtornos para a secretaria do Curso, para a Instituição de Ensino, além de se tornar o marco da vida acadêmica, uma experiência sem traumas ou estresses.
NOTAS
1 Acadêmica do Curso de Letras, do 6º semestre, turma 2005/2
2 Regulamento da Gradução, Resolução n. 3633, de 18 de fevereiro de 2008,artigo 92.
3Paulo Rogério Scarano, professor de Metodologia do Trabalho Científico da Universidade Msckensie – São Paulo
4 Maria Christina Zentgraf, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadusl do Rio de Janeiro.
5 ARAÚJO, Paulo, Monografia sem segredo.Revista Escola, nº 171. Ano XIX, abril 2004.
6 Regulamento da Gradução, Resolução n. 3633, de 18 de fevereiro de 2008,artigo 93.
7 Entende-se por produção textual, a prática da escrita desprendidas das obrigações acadêmicas, produzir pelo mero gosto de escrever
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