quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Amazônia: vítima da Biopirataria








Aulenice Ferreira e Sâmela Ramos

Reconhecida como a maior floresta tropical do Brasil, a Amazônia é o maior banco genético do mundo. A conservação da biodiversidade amazônica tem enorme valor como garantia de qualidade de vida para as futuras gerações, mas toda essa riqueza natural vem sendo ameaçada pela biopirataria, contrabando de diversas formas de vida da flora e da fauna. Muito se tem feito para controlar a exploração da Amazônia, uma vez que isto ameaça o patrimônio genético e a soberania nacional do país.
O termo biopirataria é um termo relativamente novo, criado 1993 pela ONG RAFI (hoje ETC-GROUP) para alertar que os recursos biológicos e indígenas estavam sendo apanhados e patenteados por empresas estrangeiras e instituições científicas, o termo significa apropriação dos recursos biogenéticos e/ou conhecimentos de comunidades por indivíduos ou instituições que procuram controlar estes recursos. O Brasil sofre com a biopirataria desde dos tempos de descobrimento em que o pau-brasil foi levado para Europa devido ao seu alto valor comercial. Hoje essa situação tem-se se agravado em virtude das dificuldades da fiscalização pelos órgãos ambientais e pela extensão territorial do país.
Segundo dados do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) a biopirataria é a atividade ilegal mais rentável do mundo, calcula-se que aproximadamente 38 milhões de animais brasileiros sejam levados para fora do Brasil, mas 90% deles morrem antes de chegar ao destino. O tráfico de animais silvestres movimenta aproximadamente 1,5 bilhões de dólares por ano. Não é apenas o tráfico ilegal de animais e plantas que preocupa, mas também a ação agressiva do homem sobre a natureza como as queimadas e o desmatamento que contribuem para extinção de espécies da flora e da fauna brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) o número de animais ameaçados de extinção aumentou de 219 para 395, o que significa que futuramente muitas espécies tendem a desaparecer.
A apropriação dos recursos biológicos de maneira ilegal tem causado muitos danos a várias nações. O Brasil, hoje é um dos países onde a biopirataria tem se alastrado, pois a Amazônia desperta interesses de outros países. Durante a ECO -92 no Rio de Janeiro, foi assinado a Convenção da Diversidade Biológica que visa, entre outros, a regulamentação do acesso aos recursos biológicos e a repartição dos benefícios provenientes da comercialização desses recursos para as comunidades locais.
O projeto de lei n° 306 proposto pela Senadora Marina Silva, discute a preservação da diversidade, a integridade e a utilização sustentável do patrimônio genético do país. Propõe, ainda, os seguintes princípios: soberania do poder público sobre os recursos genéticos existentes no território nacional; participação das comunidades locais e dos povos indígenas nas decisões sobre o acesso aos recursos genéticos; prioridade, no acesso aos recursos genéticos, para os empreendimentos nacionais; promoção e apoio dos conhecimentos e tecnologias dentro do país; proteção e incentivo à diversidade cultural; garantia da biosseguração e da segurança e garantia dos direitos sobre os conhecimentos associados à biodiversidade. O projeto foi enviado à Câmara dos Deputados, onde ainda encontra-se parado.
Sem dúvida, esforços têm sido feitos para reverter a situação da biopirataria, mas claro que ainda não são suficientes, ou eficientes no combate a este crime, que é um dos que atingem a biodiversidade.
A Convenção da Diversidade Biológica – CDB – documento assinado pelo governo brasileiro durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em linhas gerais pretendia assegurar a conservação da biodiversidade, seu uso sustentável, uma justa repartição dos benefícios gerados dos recursos genéticos, e o mais importante, respeitar a soberania e autonomia de cada nação sobre o seu próprio patrimônio dentro de seu território.
O artigo 8(j) deste documento obriga os países signatários a respeitar, preservar e manter o conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas, seus estilos tradicionais, importantes ao uso sustentável da diversidade biológica.
Crueldade define o tráfico de animais, em que somente 10% dos animais capturados ilegalmente chegam a serem comercializados, os 90% restantes morrem antes de chegar ao seu destino. As condições nas quais eles são transportados são deprimentes, alguns bichos são forçados a tomar álcool para que se acalmem, outros tem seus ossos quebrados, como os macacos que viajam dentro de garrafas térmicas. O transporte de ovos de aves e répteis é bastante comum, uma vez que em caso de fiscalização, o traficante pode quebrar os ovos com intenção de livrar-se do flagrante. A confecção de bijuterias e cocares é resultado do tráfico de papagaios, as pessoas que compram estes materiais não fazem idéia de como eles são transportados e de uma forma indireta contribuem para a biopirataria no Brasil.
Infelizmente, nosso país tem perdido o controle desse patrimônio natural com a inserção de biopiratas que se identificam como cientistas e estudiosos, aproveitando, assim, para coletar materiais naturais apossando-se dos conhecimentos medicinais. Quanto aos recursos da flora, os mais procurados são a casca do ipê roxo, casca do Jatobá, folha da Pata da Vaca, cipó da Unha de Gato e da casca do canelão que são produtos essenciais para a indústria farmacêutica. O Brasil perde muito com a biopirataria, além de ter sua flora e fauna prejudicada com a extinção de várias espécies de animais e plantas, tem sua soberania ameaçada.
Um dos maiores compradores desse mercado é os Estados Unidos da América, que utilizam-se de vários desses recursos genéticos, em sua maioria provenientes da Amazônia. O mais incrível, é que boa parte das pessoas que trabalham nesse contrabando entram facilmente em nossas florestas, e destroem a biodiversidade, retirando delas recursos que deveriam beneficiar as comunidades locais.
A biopirataria não é apenas um problema dos países que sofrem com sua ação, mas de todos que de alguma forma usufruem dela. A sobrevivência humana depende da conscientização e conservação destes recursos, pois só a manutenção da nossa fauna e da flora é que garantiremos futuramente a qualidade de vida do Brasil. Cabe à sociedade brasileira cuidar da biodiversidade, para que nosso país continue se destacando por suas riquezas naturais e garantindo sua soberania nacional.

Língua Portuguesa e Literatura: Teoria versus Prática na formação de leitores

Por Suelen Regina



Alguns professores de Língua portuguesa procuram inovar o ensino do Português e da Literatura em sala de aula, com práticas pedagógicas diferenciadas, pois, aprende-se na Universidade que se deve dar prioridade à compreensão, à leitura, ao uso dos diferentes gêneros textuais durante as aulas. Porém o que se vê na maioria das escolas públicas é que a teoria não passa de teoria, e que a prática é deixada de lado.

O estudo da gramática é um dos problemas em sala de aula. Os professores têm dificuldade de abordar a gramática usando recursos paradidáticos, leituras, uso de gêneros. A gramática é dada através de fórmulas, que nada ajudam o aluno, só prejudicam o aprendizado da língua. Exercícios de aproveitamento, que deveriam ser dados através de discussão oral, são na verdade, apenas exercícios de revisão sobre o assunto. O que acontece com o aluno, é o contrário esperado: desinteresse pela aula, evasão escolar, revolta e falta de respeito com o professor.

Embora haja dificuldades, alguns professores procuram dar prioridade à compreensão de textos com os alunos, criam dinâmicas, propõem o uso do gênero teatro em trabalhos, do gênero entrevista com a explicação de obras literárias. Mas esbarram em outro problema, o desinteresse do aluno, já acostumado com um ensino antigo que não o faz crítico, leitor e escritor. Isso, muitas vezes, faz com que aquele professor inovador se detenha ao ensino antigo e tenha desestimulo profissional.

Segundo Caetano¹, “não se pode negar que é função da escola, como instituição formal, transmitir a herança cultural às novas gerações”. Mas o que se vê “na grande maioria das escolas é o contrário, percebemos a efetivação do ato de pseudoleitura, ou seja, leitura sem compreensão, sem recriação do significado, mais como um ato mecânico, sem preocupação com o interesse que emana da idade do leitor”. Assim como acontece na Literatura, acontece nas aulas de Português, há um descaso com a formação de alunos críticos e leitores. Até no ensino fundamental, a literatura é dada como parte da Língua Portuguesa, o aluno só tem contato com a literatura nas séries finais. Assim, não se dá o valor necessário ao estudo literário. A criança não tem contato com as diferentes obras, apenas com fragmentos dessas, que vem nos livros didáticos. E sendo apenas fragmentos, não proporcionam um entendimento correto da temática da obra.

Como mudança dos modelos tradicionais de ensino, os PCN’s estão abordando uma nova temática no estudo de Língua Portuguesa, “o processo de ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa deve basear-se em propostas interativas língua/linguagem consideradas em um processo discursivo de construção do pensamento simbólico, constitutivo de cada aluno em particular e da sociedade em geral”. Priorizar a especificidade do aluno e deixar que “o estudo da gramática passe a ser uma estratégica para compreensão/interpretação/produção de textos e a literatura integre-se a área de leitura.”.

Para um bom ensino da língua portuguesa não se precisa de idéias preconcebidas, de uma única visão dada pelos livros didáticos, deve-se evidenciar que a escola é a fomentadora de leitores, e que não pode se prender ao ensino da gramática desvinculada do texto. O aluno tem que ser motivado, a escola tem que propor projetos que visem auxiliar esse aluno em dificuldade, mas não se pode esquecer que a equipe é escola/professor/aluno, sendo assim, nenhum dos “integrantes” pode ser deixado à margem do ensino.




¹ CAETANO, Santa Inês Pavinato. O Ensino de Literatura: deficiências e alternativas para mudar paradigmas. In: FLORÊS, Onici Claro (org.). Ensino de Língua e Literatura: alternativas metodológicas. CANOAS. Ed. ULBRA. 2001.

Diabetes faz vítimas cada vez mais jovens



Paula Galvão


Se você tem algum parente com diabete, está acima do peso, tem sede excessiva, vontade de urinar freqüentemente e visão embaçada, cuidado! Você pode estar correndo um sério perigo...
A diabete sempre foi considerada uma doença de pessoas idosas. Hoje já não é mais.
Os casos de diabete registram atualmente em toda a América Latina, um número desenfreado, fazendo vítimas cada vez mais jovens. Com esta situação, estima-se que até 2025, cerca de 26,2 milhões de pessoas desenvolvam a doença, que, segundo muitos médicos, já virou uma epidemia.
O inicio da diabete é praticamente sutil. Especialistas calculam que 40% dos diabéticos-inclusive milhões de crianças e jovens - não saibam que têm essa doença. No estágio inicial, as pessoas não percebem os sintomas, nem sentem dor, e, quando eles surgem, os pacientes se acostumam com eles. Somente quando algo fica insuportável, como visão embaçada, é que procuram o médico, então, vem o diagnóstico, que, demorado, tem conseqüências desastrosas, como a cegueira total.
A diabete é a principal causa de cegueira em pessoas entre 20 e 74 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde. Também é a principal causa de amputação de membros, uma vez que os diabéticos sofrem alterações nos vasos sanguíneos e nos nervos, o que vem a provocar ulcerações nos braços e nas pernas. Não sendo possível cicatrizá-las, e, para salvar a vida do paciente, a solução é amputar o membro afetado. Ás vezes, uma picada de mosquito pode gerar uma tragédia, e, tendo complicações, a diabete também pode causar insuficiência renal.
Há dois tipos de diabete: o Tipo 1, que era chamado de diabete juvenil (por surgir geralmente na infância), e o Tipo 2, chamado de diabete de início tardio, por aparecer na meia-idade ou depois. Cerca de 90% dos diabéticos têm o Tipo 2, porém, o que mais preocupa e assusta os médicos, é que os pacientes são cada vez mais jovens, incluindo principalmente os adolescentes.
Estudiosos e profissionais da área de saúde justificam a causa desse caos em dois fatores interligados: a obesidade e o sedentarismo, isso porque a alimentação hoje é mais rica em açúcar e gordura; muitos empregos não exigem um exercício físico saudável e a televisão, assim como outros meios eletrônicos, virou a forma dominante de lazer e entretenimento: muitas pessoas deixam de caminhar à noite, na preferência aos programas televisivos, por exemplo.
A diabete é uma falha na resposta do corpo à ação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas. Isso resulta em concentrações maiores de glicose no sangue, o que, por sua vez, compromete os vasos sanguíneos, nervos e outras partes do corpo. Em alguns casos, conforme aumenta a quantidade de glicose, é necessário mais água para diluí-la. Quando os rins liberam o excesso, o corpo fica desidratado.
O controle da diabete é feito com insulina, a qual pode ser tomada por via oral ou à base de injeções. A insulina regula o nível de glicose do sangue e diminui as complicações da doença. Médicos são unânimes em afirmar que exercícios físicos e dieta são os melhores remédios e estão à disposição de qualquer pessoa. Estudos científicos mostram que cerca de 150 minutos de caminhada por semana, juntamente com a redução de peso, podem evitar o desenvolvimento da diabete em até 58% dos pacientes, inclusive crianças e adolescentes, que têm maior facilidade em consumir alimentos gordurosos e com alto teor de açúcar.
É importante ter cuidado com a saúde, para fugir desta doença que a cada dia, está visando uma geração bem mais jovem...
Fonte: Seleções – Reader’s Digest. Edição: abril de 2007

Rui Barata: "Tudo que eu amei estava aqui"


Por Samêla Ramos

“O tempo tem tempo de tempo ser,
o tempo tem tempo de tempo dar,
ao tempo da noite que vai, correr,
o tempo do dia que vai chegar”




Em junho de 1920 nasceu na cidade de Santarém, o filho único de Maria José Paranatinga Barata(Dona Noca) e do advogado Alarico de Barros Barata, Ruy Guilherme Paranatinga Barata, o grande poeta Ruy Barata. O nome de Rui, foi dado pelo pai, devido sua grande admiração por Rui Barbosa. Paranatinga, nome indígena vem do lado materno, paraná que significa rio e tinga, branco. Foi alfabetizado pelo próprio pai, e aos dez anos de idade fora a Belém continuar seus estudos. O início de sua produção literária se dá na revista Terra Imatura, onde em meio aos estudos jurídicos da Faculdade de Direito do Pará (1938), sente sua paixão pela poesia crescer.
Ruy Barata casou-se em 1941, com Norma Soares Barata, com quem teve sete filhos: Maria Diva, Rui Antônio, Paulo André (parceiro constante em várias canções, entre elas, as mais famosas, Foi assim e Pauapixuna), Maria Helena, Maria de Nazaré, Maria Inez e Cristóvão Jaques. Forma-se em direito (1941), em plena ditadura. Como orador da turma, discursa com eloqüência, no campo da justiça social, com teses avançadas. Prefere então, trocar a advocacia pela redação do jornal Folha do Norte, de Paulo Maranhão.
O poeta passou a freqüentar a “roda de papo” do Central Café, no centro de Belém, da qual fazia parte uma geração de brilhantes intelectuais paraenses: Benedito Nunes, Paulo Plínio de Abreu, Mário Faustino, Waldemar Henrique, Machado Coelho, Nunes Pereira, Cauby Cruz, Napoleão Figueiredo e Raimundo Moura. Pela José Olympio Editora, em 1943, publica seu primeiro livro de poemas Anjo dos Abismos, com o apoio de Dalcídio Jurandir.
O Pará, vivia um período crítico, na luta contra o autoritarismo de Magalhães Barata, e Ruy em 1946, é eleito deputado para a Assembléia Constituinte do Pará, aos 26 anos de idade. No golpe militar de 64, suas lutas lhe custam à demissão de seu cartório e a aposentadoria do cargo de professor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Pará.
Em 1967, Ruy Barata inicia uma parceria formidável com seu filho Paulo André (jovem músico e instrumentista), que lhes rendaram belíssimas composições, como Foi assim e Pauapixuna, dada sua estreita ligação com a música nos tempos de mocidade.
Então em 1979, Ruy Barata é reintegrado ao quadro de professores da UFPA, e volta a lecionar Literatura Brasileira. Como um dos professores mais admiráveis da Universidade Federal do Pará, sua sabedoria e poesia encantavam alunos, amigos, e leitores, até hoje apaixonados pela sua produção literária. Paranatinga, um dos livros do poeta teve sua primeira edição em 1984, e pouco depois de sua morte, foi lançada a segunda.
No Parque da Residência, que hoje é a Secretaria de Cultura do Estado, encontramos nos jardins, uma bela estátua de Ruy Barata, uma homenagem não mais que merecida.
Paranatinga, um dos livros do poeta teve sua primeira edição em 1984, e pouco depois de sua morte, foi lançada a segunda. Seu livro Antilogia, uma coletânea de poemas organizada e revista pelo próprio autor, entre janeiro e fevereiro de 1990, antes de sua morte, foi lançada em 2000.
Ruy Barata nos deixou em 23 de abril de 1990, durante uma cirurgia, na cidade de São Paulo, onde tinha ido pesquisar dados sobre a passagem de Mário de Andrade pela Amazônia. A todos os paraenses, o poeta deixou um imenso legado, de dedicação e luta, tanto pela arte que fazia, quanto pelos valores culturais de sua terra. Sua obra continua inspirando muitas gerações, nas manifestações do homem amazônida.

Pauapixuna
Uma cantiga de amor se mexendo,
uma canoa no porto a cantar,
um pedacinho de lua nascendo
uma cachaça de papo “pru” ar.

Um não sei que de saudade doendo
uma saudade sem tempo ou lugar,
uma saudade querendo,
querendo ir e querendo ficar.

Uma leira, uma esteira,
uma beira de rio,
um cavalo no pasto,
uma égua no cio,
um princípio de noite,
um caminho vazio,
uma leira, uma esteira,
uma beira de rio.

E no silêncio uma folha caída,
uma batida do remo a passar.
um candeeiro de mangue.

Gordura Trans: "a mais nociva de todas as gorduras"


Jabert Diniz Júnior


Você já ouviu falar em gordura trans?
A gordura trans é um tipo de gordura vegetal formada por um processo químico chamado hidrogenação parcial que torna sólido, à temperatura ambiente, óleos de origem vegetal. O resultado imediato desse processo não teria uma boa aceitação, caso as pessoas pudessem ver o seu produto. Os óleos se transformam em uma pasta preta com mau cheiro que precisa ser alvejada para ficar sem cor e desodorizada para ficar sem cheiro.
Após essa “limpeza”, no entanto, a gordura trans é utilizada pela indústria alimentícia para deixar os alimentos mais saborosos e dar melhor resistência, ou seja, aumenta o prazo de validade, proporcionando mais vida útil aos mesmos. A trans solidifica nos alimentos, formando uma casquinha crocante e atraente.
Vendo por esse ângulo, a gordura trans parece ser uma coisa boa. Afinal ela foi criada para ser uma alternativa à gordura saturada encontrada no bacon, nas carnes vermelhas, etc, e virou febre na década de 80.
Acontece que, durante esse processo de hidrogenação, as moléculas de gordura passam por um rearranjo estrutural que faz com que no interior do organismo elas facilitem o depósito do chamado colesterol "ruim", o LDL, nas paredes das artérias coronarianas e de estar associada à redução de uma proteína essencial à produção do colesterol "bom", o HDL.
A gordura trans tornou-se, então, um dos maiores vilões da alimentação moderna, uma vez que nos vasos sangüíneos essa gordura se deposita com muito mais eficiência do que as gorduras saturadas de origem animal, impedindo-os de se dilatarem quando ocorre aumento do fluxo sangüíneo, já que perdem uma de suas características fundamental, a elasticidade.
Por essa razão, segundo relatos médicos, está se tornando comum esportistas jovens sofrerem parada cardíaca durante a prática de qualquer esporte. Durante a atividade física, o fluxo sangüíneo aumenta, mas o vaso não dilata para regular a passagem do sangue, ocasionando o infarto. A trans aumenta também a dose de triglicérides, uma outra fração de gordura que circula no sangue e está associada ao desenvolvimento da diabete.
Devido a isso tudo, no mundo inteiro está havendo um movimento com o intuito de eliminar da alimentação essa famigerada substância, que se tornou um dos mais poderosos inimigos da saúde.
A Austrália é um dos pioneiros no combate à trans e tem feito campanha e leis severas para desestimular o seu consumo. Em Nova York, o prefeito Michael Bloomberg determinou que nenhum restaurante da cidade pode conter nem vestígios de gordura trans nos seus cardápios. A Dinamarca não só proibiu o uso como julgou a trans uma substância ilegal no país. Os produtos que ainda a contêm são identificados com uma constrangedora tarja negra no rótulo, deixando clara a mensagem: quem quer comer que assuma o risco. A Inglaterra, também, está fazendo sua parte pressionando as indústrias de alimentos a reduzir drasticamente as porções de gordura trans em seus produtos. O Canadá anunciou que está discutindo leis rigorosas no combate à gordura trans. Contudo, algumas empresas, no mundo, em função desse barulho, estão retirando voluntariamente a gordura trans de seus produtos.
No Brasil, a única legislação sobre o assunto é uma norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que determina que os rótulos dos alimentos apresentem informações sobre valor energético e quantidade de seus nutrientes, inclusive de gordura trans. Isto, no entanto, não parece ser suficiente. É necessário esclarecer a população sobre os seus malefícios, recomendando que se identifique quais alimentos são ricos ou não em gordura trans, até porque, além de ela não ser necessária no nosso organismo, é extremamente nociva à saúde.
Ler nos rótulos o teor de gordura trans de cada produto é o primeiro passo
É fundamentalmente importante ler os rótulos dos produtos, prestando muita atenção nas informações contidas. A recomendação geral é que não se deve consumir mais de 2 gramas de gordura trans por dia. O consumidor deve estar atento, pois alguns produtos trazem em letras bem grandes, 0% gordura trans, porém, nos rótulos verifica que há na composição uma certa quantidade de gordura vegetal hidrogenada, o que é a mesma coisa.
Alguns dos alimentos que mais contêm gordura trans são: Biscoitos recheados industrializados, wafer; salgadinhos de pacote, tortas e bolos prontos e semi-prontos, sorvetes industrializados, batata frita, pipoca de microondas, margarinas, molhos de salada, maioneses, hambúrgueres, chocolates, especialmente os diet, temperos completos, etc


Fonte: Revista Veja Edição 1965, 19 de julho de 2006

Revista Isto é, Edição 1953


www.providaonline.com.br

Jabert Diniz Júnior

Acadêmico do Curso de
Educação Física da UEPA
Campus de Santarém

Imperfeição... Talvez

Que frio intenso
Não tem fim,
Por quê?
Que dor, ...dói.
Sem ao menos sentir.

Fugir!... Não sei pra onde,
correr no tempo p’ra que lugar.
O frio continua.
Alma consome,
A dor não quer parar

Tudo é ilusão!
Nada é real,
A dor, o frio
Tudo é confusão,
Ou talvez só um frio.

Por que não quer parar?
Explicação não tem?
A solidão, a dor o frio
Não sei,
Talvez só tempo dirá:

Talvez!... tu
Conforme a tua disposição,
Tudo será feito,
Digo a todos.
Talvez, se esqueça
Essa agonia
Do agora Imperfeito.

Só, assim, talvez,
desapareça o frio,
Talvez um dia
Tudo será desfeito.
... Talvez.


Augusto Sousa
Letras 2005/01

Os desafios por uma Educação do Campo


Suelen Regina

“O povo tem direito a ser educado no lugar onde vive. Tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com sua participação, vinculada a sua cultura e as necessidades humanas e sociais”.

Os acadêmicos de Pedagogia – 2003 do núcleo Universitário de Curuá realizaram do dia 5 a 7 de Outubro de 2007 com apoio da Prefeitura – Curuá e de projetos da Faculdade de Educação da UFPA/ Campus de Santarém (GESTOEPA e GEAFRO), palestras que tinham por finalidade tratar sobre a Educação do Campo, e mini-cursos dos Projetos: GESTOEPA, que tratou do tema “Conselho escolar no Campo”, e do GEAFRO, com o tema “Racismo, preconceito e descriminação racial”. O evento contou com a presença de alunos, professores de Letras e Pedagogia dos Municípios de Curuá e Santarém, e a comunidade geral.

Pensar em educação do campo requer um conhecimento amplo no assunto, tem-se que pensar numa educação voltada para as necessidades locais da região onde se trabalha. Enganamos-nos em acreditar que os maiores desafios para essa educação está na falta de estruturação das escolas, de professores qualificados, de transporte escolar e de material didático-pedagógico, o maior desafio é a mudança do modelo de educação presente no campo. Com o tema “Por uma educação do Campo” palestrou a Profª. Doutora Fátima Lima. Segundo ela, os maiores desafios estão na formação de pesquisadores, em que se esperam pesquisadores voltados para essa temática. Necessita-se de educadores com práticas pedagógicas diferenciadas e um currículo diferenciado, com um conhecimento amplo, que seja sensível e capaz de se adequar às condições da região de ensino, mas, para isso, é necessário que o governo elabore políticas públicas, dando prioridade ao contexto amazônico.

Ao mesmo tempo, que falta o preparo da escola ao não valorizar as diferentes expressões culturais das crianças ao meio em que vivem, falta também apoio para os alunos que, muitas vezes, moram em comunidades diferentes, e precisam se deslocar para o local de ensino, tendo um transporte adequado. A escola não tem condições de trabalhar sozinha, necessita do apoio do Governo para tomada de decisões.

Em continuidade ao evento, os mini-cursos trataram de outros temas como “Conselho escolar no Campo” (GESTOEPA) e sobre “racismo, preconceito e descriminação racial” (GEAFRO). Este último esclareceu algumas dúvidas sobre a distinção de racismo, preconceito e discriminação racial, pois, cada um desses elementos é conseqüente do outro, ou seja, idéia de que existem raças superiores e inferiores; idéia preconcebida, sem razão objetiva ou refletida; e, por último, uma atitude ou uma ação que objetiva diferenciar, distinguir e em geral prejudicar um grupo tendo por base idéias preconceituosas.

O evento proporcionou aos alunos e professores, um momento para reciclar, renovar, mudar idéias. Propor novas metas pedagógicas para as escolas do campo, conhecer as Diretrizes Curriculares do Campo, e reconhecer que o movimento pela educação do campo tem que partir do específico, do local e da cultura amazônica, sem claro, perder o global.

Literatura e Cristianismo: aproximação e distanciamento

Paula Galvão

Com um caráter transformador, a Literatura impressiona a muitos pela sua qualidade artística, englobando várias temáticas reelaboradas de maneira subjetiva, a ponto de até reescrever uma história, ou um simples fato, segundo a concepção do escritor. È, nesse sentido, que adentramos em um fato histórico, que abrange o mundo inteiro: o Cristianismo.
A relação do Cristianismo com a Literatura data desde muitos séculos, a partir do nascimento de Jesus. Tomemos como exemplo a época renascentista, e até mesmo antes desta, a temática cristã já aflorava nos mais variados gêneros textuais, como o teatral, que objetivava a educação cristã dos fiéis.
O Barroco é a principal fonte que une este laço literário-cristão. È importante também levar em conta o contexto histórico de cada período literário. A arte barroca floresceu no tempo em que se discutiam os propósitos da Reforma e Contra – Reforma, assuntos indiscutivelmente ligados à religião, que consequentemente se refletiram na Literatura da época. Gregório de Matos e o Padre Antônio Vieira exploraram em seus textos toda a aproximação possível com o Cristianismo, produções que, por sinal, são de grande valia e riqueza poética.
Mas toda essa aproximação da Literatura com o Cristianismo não se restringe somente em “agradar” leitores religiosos, mas provocar, em algumas circunstâncias, justamente o contrário. Foi o que ocorreu na Pós-Modernidade, quando o autor português José Saramago intitulou uma obra considerada paródia da Bíblia Sagrada de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, que mais parece para alguns, “O Evangelho Segundo Saramago”, onde relata a trajetória de Jesus Cristo, em uma postura pagã, com um destino cruel, estipulado por um Deus vingativo e desejoso de sangue humano.
Entretanto, gera-se uma dúvida nos pensamentos dos leitores: a obra de José Saramago retrata uma aproximação ou um total distanciamento do Cristianismo? Para muitos estudiosos, como o Doutor em Filosofia da Educação, Gabriel Perissé, essas questões estão de fato interligadas, pois a proximidade está na temática (Jesus, Bíblia, Deus etc.) e a distancia no desenrolar do enredo. Quanto à polêmica da obra, Perissé diz que: “Os cristãos não devem rejeitar as grandes obras literárias, mesmo aquelas assumidamente atéias e aparentemente ofensivas ao Cristianismo. Elas também revelam a glória e o poder do Criador. Diante de uma obra de arte, seja um livro, um quadro ou um filme, o cristão deve adotar uma atitude de ‘contemplação’, a fim de perceber nela o que há de revelador do sagrado”.
Qualquer distanciamento do Cristianismo perante a Literatura vale-se, sobretudo de temas pagãos, como é notável em alguns movimentos literários, como o Realismo, no qual teorias filosóficas e científicas amenizaram o poder religioso que a ideologia cristã impunha na mente das pessoas.
Alguns ainda podem se perguntar se existe de fato uma certa distancia entre estes dois termos tão discutidos aqui. É importante lembrar que nem todos os períodos literários fizeram forte uso da temática cristã, mas causaram, de algum modo, um impacto nesta Doutrina, através de suas produções. Portanto, é válido dizer que a arte literária e o Cristianismo se distanciam em partes; quanto mais procuram esse distanciamento, mais se aproximam, mesmo de forma inconsciente, pois produzir algo que venha contra os ideais cristãos, com a tentativa de “obrigar a esquecer”, mesmo por um breve momento essa concepção religiosa, leva aos leitores a refletirem sobre a mesma, seja pelo seu lado bom e satisfatório, seja pelo seu lado mais crítico e afrontador. O Cristianismo tornou-se uma ideologia para as pessoas, mesmo para aquelas que se julgam atéias. Isto, de fato, se reflete em todos os movimentos artísticos, e a Literatura, por sua vez, não foge a este princípio.

É possível ser ético em um país marcado pela degradação moral?

Marcos Viniciu dos Santos.¹


Em um país marcado pela degradação moral, onde os bons costumes são deixados de lado e o que vale mesmo é a “esperteza”, ainda é possível ser ético, basta querer. A moral e os bons costumes têm que vir de berço, pois só com uma educação familiar, onde os pais orientem seus filhos para o que é certo, é que construiremos um país de pessoas éticas.

A falta de ética leva a degradação moral e da boa conduta, tão necessárias para se ter uma sociedade justa e igual para todos. Se cada um fizer sua parte à moral estará restabelecida, sejamos honestos uns com os outros e assim venceremos as sociedades corruptas tão presentes nos dias de hoje. Se todos lutarem juntos, os maus costumes não tomarão conta de nosso país e a falta de ética tão presente em nossos órgãos governantes será extinta pela sociedade honesta.

Para se coibir a falta de ética é preciso que se faça um trabalho de base , começando da própria família, para que no futuro tenhamos cidadãos éticos que viverão em uma sociedade justa e politicamente bem organizados.

Por fim, ser ético é ser defensor da boa conduta, da moral e dos bons costumes, que fazem de um país e das sociedades que vivem nele uma nação justa.



¹ Acadêmico do curso Bacharelado em Sistemas de Informação – UFPA- Campus de Santarém.